domingo, 21 de fevereiro de 2010

Não sei quantas almas tenho....


Não sei quantas almas tenho.

Cada momento mudei.

Continuamente me estranho.

Nunca me vi nem achei.

De tanto ser, só tenho alma.

Quem tem alma não tem calma.

Quem vê é só o que vê,

Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,

Torno-me eles e não eu.

Cada meu sonho ou desejo

É do que nasce e não meu.

Sou minha própria paisagem,

Assisto à minha passagem,

Diverso, móbil e só,

Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo

Como páginas, meu ser.

O que segue não prevendo,

O que passou a esquecer.

Noto à margem do que li

O que julguei que senti.

Releio e digo: >

Deus sabe, porque o escreveu.

Fernando Pessoa
Já tinha SAUDADES de aqui vir.
Prometo tentar ser mais assidua.
Ultimamente a vida não mo tem permitido...

2 comentários:

  1. Este é um sentir de muitos dias, não só dos teus, mas tambem dos meus.
    Um beijo amiga,,,é bom ter-te de volta.
    MARIA

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